terça-feira, 10 de março de 2015

Segundo relatório, até 90% do pelotão atual pode estar dopado.

 
Ciclismo Lance Armstrong 2011
 
A Comissão Independente para Reforma no Ciclismo (CIRC) acusou, nesta segunda-feira, os líderes da União Ciclística Internacional (UCI) de acobertarem Lance Armstrong e outros usuários de substâncias ilegais para "protegerem" a reputação do esporte. Além disso, a prática de se dopar ainda seria comum no ciclismo.
A comissão foi criada logo após as acusações que se abateram sobre Armstrong. O presidente da UCI, Brian Cookson, disse que "no passado, a entidade sofreu com a falta de bons governantes, com indivíduos tomando decisões cruciais sozinhos, muitas delas diminuindo os esforços anti-doping."
O relatório da CIRC foi bastante duro com o ex-presidentes Hein Verbruggen e Pat McQuaid, mas Cookson garantiu que "o gerenciamento da UCI mudou, e nós não fechamos mais os olhos para o doping."
"O estilo de liderança de Verbruggen é criticado no relatório e levou aos maiores erros. A imagem e o negócio do esporte foram considerados antes da integridade e transparência, e, honestamente, esta abordagem foi levada longe demais. Eu espero que estes dois não se relacionem mais com o ciclismo no futuro", disse o atual mandatário.
Depois do escândalo envolvendo Armstrong, a comissão, no entanto, disse não ter encontrado ligação entre as doações de aproximadamente 125 mil dólares (R$ 375 mil) feitas pelo ex-ciclista à UCI e o acobertamento de sua falha nos testes anti-doping.
Segundo a comissão, a entidade internacional limitou as investigações sobre o ciclista norte-americano em 2005 e alguns e seus advogados escreveram partes do relatório final na ocasião.
O chefe da Agência Anti-Doping dos EUA (USADA), Travis Tygart, disse que deixar os advogados escreverem parte do relatório independente foi um erro "estarrecedor".
"A USADA vai trabalhar com a liderança atual da UCI para obter evidências deste incidente sórdido, para garantir que todas as violações da regra sejam completamente investigadas e punidas", disse Tygart, um dos responsáveis pelo trabalho que desmascarou Armstrong.
Relatório levanta mais suspeitas - Em 1999, Armstrong pôde utilizer uma prescrição médica antiga para "evitar sanções" durante o Tour De France daquele ano, depois de quatro dos 15 testes mostrarem corticoides proibidos em seu sangue. Quando o ciclista retornou às competições em 2009, a UCI permitiu que ele competisse na Austrália mesmo sem ter sido testado nos seis meses anteriores.
Segundo a comissão, Armstrong era visto como a "escolha perfeita para ldierar a renassença do esporte" depois do escândalo de doping de Festina, em 1998. "O fato de ser americano trouxe um novo continente para o esporte e, com seu histórico contra o câncer, a mídia fez dele uma estrela global".
Além disso, houve casos de informações vazarem sobre quem seria testado, e que um expert disse durante a investigação que mais de 90% do pelotão ainda se dopa - outros especialistas argumentam que a porcentagem é menor. Ciclistas de um país não revelado teriam pagado uma espécie de "taxa anti-doping" para evitarem ser testados. 

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