quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

13 de julho de 1967


O Tour de France chegava a sua 13a. etapa com saída de Marselle e chegada em Carpentras. A prova aconteceu no dia 13 de julho de 1967. O líder da prova era o francês Pingeon (graças a uma fuga bidón de uma etapa anterior). Fazia muito calor na França e alguns jornais tinham nas suas manchetes o “Calor Tropical” e “O Canto das Cigarras”. A etapa tinha como única montanha importante um colosso chamado Mont Ventoux. Um líder frágil como Pingeon não tinha a menor chance de acabar como líder, pois havia segurado o maillot jaune a duras penas com a ajuda de Poulidor, que tinha feito o serviço de gregário. Esperava-se um duelo ítalo-espanhol entre Gimondi e Jiménez.
O dia estava quente como havia sido o anterior, e já na primeira montanha do dia, Carpentras, os gregários tiveram que fazer um “caféraid”, ou em bom português, assaltar um bar, já que na época não era permitido pegar água e comida nos carros, exceto na zona de alimentação.
Collin Lewis era um gregário de Tom Simpson, que naquele ano estava bem colocado na geral (e inclusive havia vestido a maillot jaune). Tom, um típico inglês, era uma pessoa educada, respeitosa e bastante introvertido, mas um ciclista muito respeitado no pelotão. Lewis fez parte do saque ao bar e ao voltar para o pelotão, encontrou Simpson bastante cansado que lhe pediu Coca-Cola. Bebeu de uma vez só e voltou a pedir para o seu gregário se tinha algo mais para beber. Lewis puxou uma última garrafa do bolso: um conhaque Remy Martin. Tom olhou, pensou, tomou um grande gole e jogou a garrafa longe, nos girassóis.
Começava a subida ao Mont Ventoux e se formava um grupo adiantado (com Tom), Castelló e outros. Faltando 15Km para o final da subida (o Mont Ventoux possui aproximadamente 21Km), Poulidor tentava destacar-se do pelotão que rodava logo atrás e Julio Jiménez foi na sua roda. Atrás deles seguia outro pequeno grupo com Gimondi, Pigneon e Janssen. Pouco a pouco foram recuperando terreno com relação a fuga e passando por todos. Jiménez e Poulidor se aproximavam da ponta, pois seu ritmo era excelente.
O espanhol Castello que ia junto com Simpson ouviu um pedido: “Castello, água, estou mal”. Nesse momento, ao ver a placa de 2Km, Jiménez ataca e se destaca com facilidade de Poulidor.
Lá atrás, Castello distanciava-se de Simpson, que sob o olhar incrédulo de ciclistas e fãs começava a andar em zigue-zague pela pista. Alguns fãs anteciparam-se e começaram a empurrá-lo, já que ele não descia da bicicleta e parecia querer continuar correndo. Porém, repentinamente caiu no lado direito da estrada.
Sem saber do ocorrido, Jiménez coroava com 1 minuto e 10 segundos sobre um grupo composto por Gimondi, Poulidor, Pingeon, Janssen e Balmanion. Todos se lançaram numa descida louca, e ao final Jiménez mantia 45 segundos sobre seus perseguidores, mas a 13 da meta foi absorvido pelos favoritos.
Num sprint apertado Janssen vencia a etapa, seguido de Gimondi e Pingeon.
Logo após o pelotão ficou sabendo do ocorrido: Tom foi socorrido na estrada, recebeu massagem cardíaca, respiração boca-a-boca, transportado num helicóptero, mas não resistiu.
Na etapa seguinte uma daquelas etapas em que os corredores participaram apenas por obrigação, e de comum acordo decidiram que o vencedor seria um britânico e melhor amigo de Tom Simpson, Barry Hoban.

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