quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Histórias do Ciclismo: Servais Knaven

15 de abril de 2001: a Paris-Roubaix já era chamada de Inferno do Norte como nos dias atuais. Barro até as orelhas, cada palmo de estrada brilhando como se alguém a tivesse lustrado. Os fãs delirando, os corredores indignados.

No grupo da frente, somente 7 corredores. Um valente decide não olhar para trás. De seus 6 companheiros de fuga, três tem as suas cores, e entre eles o mais forte e mais rápido da corrida. Uma boa razão para um esforço extra e alisar o caminho do triunfo de seu companheiro. Outro sacrifício de um gregário de verdade.

A superioridade numérica não parece ser superioridade tática para quem vê a corrida de fora. No grupo um corredor com um maillot diferente e o número 3 às costas cria um clima de incerteza. A dúvida também existe dentro do pequeno grupo e assim permitem ao gregário converter-se em herói. Atravessa o trecho “Charles Crupelandt”, entra no velódromo com folga suficiente para girar a cabeça e ver seu companheiro, o mais forte, chegando na frente do grupo, mais um em terceiro e outro gregário ilustre da equipe entra em quinto. Mas só o vencedor entra para a história.

Servais Knaven, holandês, abandona o ciclismo em 2010, após 16 anos e muitos quilômetros de sacrifício. Flor de um dia, Knaven não foi um ciclista vencedor. Apareceu como promessa nos amadores, passando a TVM em 1994 e no ano seguinte venceu o campeonato nacional de estrada com apenas 24 anos. Um início promissor que não se confirmou, tanto na TVM, quando na Domo-Farm Frites a partir de 2000. Nesse período a outra única vitória de destaque foi em 1998 na Scheldeprijs Vlaanderen.

Em 2003 seguiu seu diretor Lefevere e migrou para a Quick-Step, onde conseguiu uma importante vitória no Tour (Etapa 17) surpreendendo seus companheiros de fuga-bidón a 15Km da meta. No ano de 2007 passou a integrar a T-Mobile, futura HTC-Columbia-High Road (onde obteve sua última vitória na Etten-Leur 2007) e posteriormente a Milram em 2009.

No ano de 2010 concluiu sua 16a. Paris-Roubaix, igualando o recorde de Raymond Impanis (vencedor em 1954) com a diferença de que não abandonou a carreira em nenhuma das participações.

Da estrela de um dia, essa é a imagem que fica.

1 Servais Knaven Domo-Farm Frites 6h 45’00″
2 Johan Museeuw Domo-Farm Frites + 34″
3 Romans Vainšteins Domo-Farm Frites + 41″
4 George Hincapie US Postal Service m.t.
5 Wilfried Peeters Domo-Farm Frites m.t.
6 Ludo Dierckxsens Lampre Daikin m.t.

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